O ator Ulisver João Baptista Linhares, o Tutuca, morreu nesta quinta-feira, 5 de dezembro.
Faz parte de uma geração de humorista que se antepõe a um humor dito mais moderno, mas muitas vezes agressivo e talvez mais condizente com o mundo atual em que bombas explodem em bares e restaurantes em meio a gargalhadas de alguns.
No fechamento da TV Tupi muitos artistas em plena ditadura tentaram resistir na sede da emissora, apelando para os donos do Poder da ocasião. Sonhavam com a doce ilusão da tentativa de darem uma oportunidade aos trabalhadores da emissora, com ajuda de outros, para tentar gerir a emissora combalida.
O âncora do triste episódio do fechamento, antes dos transmissores da emissora serem lacrados, apelava para um tal de Sargento Getúlio para que acordasse o ministro das Comunicações na tentativa de que ele ouvisse o apelo dos artistas.
Modorrento, finalmente, o ministro entrou no ar, desfiando o rosário de fatos que, segundo ele, tornaram a emissora inviável.
Foi que Tutuca, nos meios dos artistas, com lágrimas dos olhos tomou o microfone e em discurso contundente, vindo da sua alma de artista fez o desabafo em nome de todos que via uma empresa de comunicações morrendo, com seus trabalhadores sendo jogados à rua por conta de maus administradores e impunidade de governantes. E Tutuca não economizou nos palavrões, enquanto os colegas artistas e trabalhadores da emissora, além dos que foram prestar solidariedade cantavam no fundo o Hino Nacional.
Em pouco tempo a Tupi virou uma imagem embaralhada e ruidosa nas telas das televisões de seu público e os que acompanhavam o triste episódio.
Tutuca foi um grande humorista e nos deixa justamente em um momento em que o Brasil brinca com a democracia. MAURICIO FIGUEIREDO
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