sexta-feira, 26 de setembro de 2014

HERODES PARA PRESIDENTE

 ou Where do the children play?
Cat Stevens

Recebo a plataforma do candidato Herodes. A base de seu projeto é o extermínio em massa de crianças, a começar pelos recém nascidos. Em verdade este é um projeto que vem sendo executado há muito tempo em nosso país.
Herodes quer começar o seu método de extermínio por Belém do Pará. Lá inclusive muitas crianças morrem na beira dos rios, por cima das palafitas.
De verdade em todo o Brasil morrem crianças aos montes.
Ficamos felizes com as estatísticas do IBGE (fingindo que as levamos a sério), apontando que a mortalidade infantil está diminuindo.
Mas acontece que a vida não termina apenas na morte. É muito comum a morte em vida.
E como Herodes propões matamos nossas crianças - milhões delas - antes mesmo que cheguem aos 24 anos. E não satisfeitos ainda como o 007 da Rainha pedimos autorização para que a matemos mais cedo ainda.
Na chamada guerra às drogas matamos milhares de crianças com a alegação de que combatemos o mal do século. Armamos nossa polícia que deveria ser preparada para atravessar velhinhas nas ruas ou garantir a brincadeira tranquila das crianças nos parques e nas praças para uma guerra contra o inimigo que são os filhos dos deserdados da pátria mãe gentil.
Elaboramos Estatutos de Menores com belas ideias e propostas, enquanto nas ruas, praças e vielas nossas crianças se empapuçam de craque e se perdem no pó da estrada e no lamaçal das esquinas do nosso lixo diversificado.
Violamos e estupramos nossas crianças. Tiramos delas a inocência e a prostituímos para a vida do consumo e do vencer de qualquer maneira.
A internamos em escolas com professores doentes, tristes e desesperançados da vida e ainda propomos aumentar a carga horária na CASA DOS MORTOS a que damos o nome de Escola.
Nos orgulhamos e nos vangloriamos de camadas de óleo poluente que matarão nossas praias, rios e cachoeiras, nossas reservas florestais, tornando nosso ar insuportável rumo a construção de uma civilização que nos aproxima cada vez mais do inferno.
Com isso nossa camada de amor, paciência, harmonia e solidariedade flui violentamente correndo por entre os esgotos que alimentamos a céu aberto em nossos guetos, enfeitados com dança na laje e teleféricos a singrar nossos céus se desviando do tiroteio rotineiro de nossas Comunidades Pacificadas.
O poeta perguntou quando apreciou os boeings imponentes sobrevoando o sol de sua pátria: E aonde é que as crianças brincam?

E eu respondo: Elas não brincam, pois nós as matamos.



Nenhum comentário:

Postar um comentário