sábado, 8 de março de 2014

O luxo do lixo


Há certas profissões que entre tantas outras devem receber um tratamento prioritário. Uma delas é a do gari, que no passado, antes do politicamente correto, era mais conhecido como o bom e velho lixeiro em um tempo em que não era costume das pessoas jogar tanto lixo nas ruas, pois não havia o chamado consumo desenfreado como o do mundo atual.

Afirma-se que em muitos centros, os garis estão entre as profissões de mais alta remuneração. Há cidades nos Estados Unidos que os sindicatos da categoria são os mais fortes e as vagas nas empresas de recolhimento do lixo são disputadas a peso de ouro. Garis e bombeiros são tidos como essenciais, entre os chamados serviços essenciais.

Quando há uma greve, por exemplo, como a dos professores, médicos e alguns outros trabalhadores de profissões consideradas nobres, devido a maior escolaridade, os governantes partem para o enfrentamento mais firmes e não se importam com as longas paralisações, pois, infelizmente, sem uma maior conscientização política da população, temas como educação e saúde dão boas gritarias nos noticiários noturnos, mas no fundo não rendem votos, como pracinhas, avenidas largas, viadutos (derrubados ou não) e principalmente os faraônicos estádios de futebol.

No caso dos garis, o grande e grave problema é que a greve da categoria fede. O fedor é altamente democrático: ele entra pelas narinas de ricos e pobres, de turistas e mendigos, de desconhecidos e famosos, da ralé e das autoridades.

A greve da área de saúde pode resultar em algumas mortes, mas logo resolvidas com o enterro rápido do saudoso pelos familiares. A da educação gera como consequência em médio e longo prazo o surgimento de uma geração alienada e ignorante em termos de importantes saberes, mas, que acaba sendo absorvida por um mercado de trabalho no qual cada vez mais o conhecimento faz a diferença.

A greve dos lixeiros, no entanto, resulta em fedentina e aparecimento de animais incômodos, como os ratos e ratazanas, mosquitos, moscas, baratas, formigas e todo um exército que ocasiona vários tipos de doenças entre pobres e ricos. Há uma hora que o fedor se torna insuportável e a solução tem de ser encontrada com a máxima rapidez.

É uma pena que o trágico fedor da falta de Educação não afete o nariz das pessoas.

(Mauricio Figueiredo - www.agenciareporterdigital.com.br - www.aprovacaoautomatica.com.br)

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