terça-feira, 24 de março de 2015

Intervenção militar só com ruptura democrática


Os ministros militares em encontro com a presidente Dilma Roussef demonstraram o apoio das Forças Armadas à normalidade democrática do país, em que pese manifestações como a do Clube Militar que, em nota, demonstra preocupação com uma possível bolivarização do Brasil no estilo seguido pela Venezuela.
Em verdade, é preciso se levar em conta que uma possível intervenção militar no Brasil seria impossível sem o aval dos Estados Unidos e tal ação foge inteiramente à nova estratégia mundial  da ainda maior potência militar do planeta.
O movimento militar de 1964 (golpe e ditadura) ocorreu em uma conjuntura em que havia polarização do mundo entre os Estados Unidos e a União Soviética.
A Revolução Cubana, inicialmente apoiada por Washington, ao se aliar ao bloco soviético passou a ser vista como uma ameaça aos Estados Unidos justamente próximo às suas costas, na qual o incidente dos mísseis atômicos soviéticos na Ilha deixou o mundo próximo da III Guerra Mundial, só que dessa vez, uma ameaça atômica. Mas, o bom senso prevaleceu com o recuo tanto por parte de Kennedy como de Kruchev.
O discurso cubano, no entanto, capitaneado por Che Guevara era o de abertura de vários Vietnans no mundo, referindo-se a vergonhosa derrota norte-americana no Vietname.
A evidência de que um conflito militar entre Rússia-Estados Unidos tornara-se inviável (pois só haveria derrotados, pois somente o resíduo da poeira atômica seria o bastante para exterminar os vitoriosos), perpetuou uma verdadeira batalha na esfera econômica.
Foi a partir do governo Reagan que essa guerra econômica foi levada a seu extremos, com uma corrida armamentista que se mostrou insuportável para a combalida economia soviética. Com isso, ocorreu a queda do Muro de Berlim e em seguida para surpresa geral de muitos a própria União Soviética acabou se desmoronando.
Quando havia a polarização Rússia-Estados Unidos, os norte-americanos passaram a apoiar e estimular o surgimento de ditaduras na América Latina como forma de evitar o surgimento de novos regimes no estilo cubano. Foi assim que agiu em todo o continente, culminando na própria morte de Che Guevara nas selvas boliviana.
Agora, é evidente que a estratégia político-militar norte-americana, em um mundo globalizado, tem sido favorável a exportação e manutenção da chamada democracia ocidental, que se goste ou não dela. Quando os regimes incomodam muito existem intervenções pontuais como ocorreu no Iraque e em outros pontos.
Mais do que aspectos militares o que conta agora são aspectos econômicos. A queda brutal do preço do petróleo no mundo gera enfraquecimento de economias dependentes como a da Venezuela, que tem nos Estados Unidos, ironicamente, um dos seus maiores clientes, e por tabela da economia brasileira que vislumbrava a chegada ao paraíso com a descoberta do Pré-Sal.
É claro que o petróleo vai continuar dando as cartas, mas não se sabe que com o peso do passado, à medida que o próprio Estados Unidos e demais países adiantados buscam novas formas de geração de energia. Os investimentos internos norte-americanos no xisto foram um duro golpe no mundo do petróleo.
O desenvolvimento tecnológico está intimamente ligado à Educação de Qualidade. Os Estados Unidos continuam sendo o número 1 nas melhores universidades do mundo, tanto que a própria China envia vários de seus melhores quadros para estudar na América. Essa é a realidade de um mundo globalizado.
Japão e Coreia do Sul deram o seu enorme salto político e econômico quando fizeram da Educação a mola mestra do seu desenvolvimento.
O ex-presidente da ABI, Barbosa Lima Sobrinho, e tantos outros escreveram sobre isso.
O Brasil, no entanto, ainda não aprendeu esta lição e se perde em tolas e artificiais guerras internas entre os pobres e desvalidos da pátria explorados pelos ricos e esses por sua vez considerados os vilões que só pensam em seus interesses individuais, mesmo que esses chamados interesses sejam os geradores de muitos empregos que alavancam a combalida economia nacional.
Capacitar os pobres (os que quiserem e forem capazes) com escola de qualidade e estimular os ricos (os que quiserem e forem capazes) para o uso produtivo de suas riquezas em prol do crescimento econômico do país parecem caminhos óbvios.
A ruptura democrática, por mais capenga, mambembe e frágil que pareça e ainda é o nosso Estado democrático parece um caminho perigoso e que poderá nos levar a um grande desastre.

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