sexta-feira, 11 de julho de 2014
Proforte: Ah eu tou maluco!
Li um artigo do presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, (minto, há muito tempo que não consigo ler certas coisas - apenas passei os olhos no início, quando ele diz que com a derrota por 7 a 1 da seleção brasileira abriu, nossos olhos para a realidade atual do futebol brasileiro, de forma dolorosa e depois o final, quando encerra frisando que "temos a firme convicção de que a criação desse novo marco e a moralização do nosso setor serão o primeiro passo para voltarmos a ser o país do melhor futebol do mundo", referindo-se a uma tal de Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte.
Uma coisa que a vida me ensinou é de não levar muita fé em coisas que acabam virando siglas pomposas e com um certo tom de moralismo. A Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte (LFRE) é um projeto a ser votado na próxima terça-feira pelo Colégio de Líderes dos Partidos, o projeto de lei do Proforte.
A cada desastre nacional - e são tantos nos últimos anos - ouvimos falar em coisas como CPIs, investigações rigorosas, punição severa aos culpados e no fim tudo volta a antes como no quartel de Abrantes recheada por uma bela pizza.
Não conheço bem o presidente do Mengão e nem a sua administração. Como a maioria dos torcedores como parte da Nação rubro negra sequer pisei uma vez na vida na Gávea. No passado muito distante, no século passado, o Flamengo se resumia - para mim - no velho estádio do Maracanã, com Andrade, Adílio e Zico e antes deles Chamorro, Tomires e Pavão e o restante da turma (e que turma!). Mas, se levasse as coisas realmente a sério - se fosse presidente de clubes estaria em fuga desabalada que nem o cidadão inglês envolvido ou suspeito de envolvimento com a máfia dos ingressos.
Muita gente vê indignada a derrota brasileira para a Alemanha por 7 a 1. Não há motivos para indignação. Se é coisa que o brasileiro aprendeu rapidamente é não se indignar com mais nada. Quando saia da Ilha do Governador me indignava com uma meia dúzia de crianças abandonadas zanzando pela Estrada do Galeão, mas, como na Lei de Murphy compreendi que tudo pode ficar pior, quando tempos depois brotou por todo canto um verdadeiro exército de cracudos largados à própria sorte como os escravos depois da Lei Áurea (LAR - Lei Áurea Redentora - se já houvesse a nossa mania de siglas).
Parece que só consertaremos o futebol brasileiro, quando dermos um melhor tratamento ao antigo celeiro de craques provenientes dos meios pobres, mas com direito a diversão em pequenos terrenos baldios - tão celebrizados por Nelson Rodrigues -, várzeas e praças destruídas pela especulação imobiliária.
Mas, como festejariam aqueles antigos torcedores: "Ah, ah eu tou maluco!"
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