segunda-feira, 24 de maio de 2010
Bulling: Verás que um filho teu não foge à luta
Na Copa do Mundo passada, um jornalista estrangeiro interpretou o Hino Nacional dos principais países e constatou que o do Brasil era o mais pacífico, o mais ecológico o mais poético e o mais bonito.
Quem se der ao trabalho de ver a tradução do Hino francês, por exemplo, vai verificar que o Dunga está certo em convocar os seus "guerreiros" para a Copa. É um mês de chumbo grosso. De gol de mão de Maradona, de bofetada de Zidane e de muita malícia.
No século passado, quando não havia o politicamente correto dos norte-americanos, nem a frescura do Bulling dos ingleses, o brasileiro deixava de lado o sapato alto e fazia de cada Copa a Pátria em Chuteiras, como na definição de Nelson Rodrigues. Em plena ditadura, João Saldanha (o João sem medo) denominava seus atletas de "as Feras do Saldanha".
Como estamos acostumados com o mundo da política, onde campeia a roubalheira e nada acontece, muitos de nossos analistas tentam fazer da Copa do Mundo um acontecimento dito "normal". No entanto, esse não é o espírito do brasileiro. Na Copa tudo é paralisado, em mais um feriadão nacional. É bom, por um lado, que ao diminuir a produção, diminuímos a poluição, o consumo excessivo e outras preocupações secundárias.
Gastamos pouco em roupa. Basta uma verde-amarela comprada no camelô ou loja da Saara ou da 25 de Março. E nos enchemos de cornetas (que venham as insuportáveis e melódicas da África do Sul). E o tiroteio de nossas guerras urbanas (essas sim, sérias e injustificáveis) deem vez ao espocar dos fogos e de tiros para o alto que não matam ninguém.
Nosso Hino pacífico diz que se a Pátria for humilhada, nenhum filho fugirá a luta. É aí que entra a nossa Tropa de Elite. E nela o craque - como mostrava Saldanha - também tem vez. Precisamos de um Nilton Santos, que ao cometer um penalti contra a Espanha, teve a perspicácia de dar dois passinhos para a frente enganando o juiz que vinha correndo atrasado do meio campo. Se fosse hoje, estaria crucificado como o jogador francês.
Precisamos de Canhoteiro e de Pepe (o canhão da Vila); de Vavá - o Leão da Copa; do destempero de Almir o Pernambuquinho, se as coisas contra a Argentina, Itália ou Alemanha pegarem fogo. Precisamos dos Xerifões Brito e Fontana espanando na defesa como o Lúcio e o Juan devem fazer, pois bola pro mato que o jogo é de campeonato. Precisamos do Joubert (o inventor do ponta esquerda recuado, pois nenhum ousava ir para o confronto direto com ele).
Mas precisamos também, e muito, do Didi para acalmar os guerreiros (pegando tranquilo a bola no fundo da rede e convocando a todos para encher de gols os gringos). De Amarildo, o Possesso. De Leônidas, o Diamante Negro; de Dario, Peito de Aço; de Dungas e Jorginhos e o feitiço de Vicente Feola, parecendo dormir no banco, para deixar os "meninos" jogar, com liberdade, com magia, com fantasia e com maestria.
Precisamos de Garrincha e de Pelé (deles precisamos sempre).
e de não termos vergonha em achar a nossa "terra mais garrida" e que "teus risonhos lindos campos têm mais flores".
Pois é:
"Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor"...
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