Encontro com o Lanhaço em plena Rio Branco, esquina com Sete de Setembro. Se não fosse pelo rosto poderia até me confundir, embora com menos cabelo e até meio embranquecido e uma barba bem aparada. Trajando um terno de primeira linha e sapatos brilhando. A gravata só pode ser italiana.
Não resisto e abro os braços em busca de um abraço: "Dá-lhe Lanhaço! o bicho tá pra lá de bonito. Deve tá cheio da grana".
Ele me olha meio espantado e diz: "Desculpe-me, mas você me conhece de que lugar?"
Respondo logo: "Fomos colegas de colégio. Se lembra aprontamos muito. Aquela bomba de São João que estouramos no banheiro deu o maior alarido. Jogamos bola junto Lanhaço".
Ele então diz que devo estar confundindo com outra pessoa. Me dá um cartão todo bacana com os dizeres em dourado: "Dr. Luiz Carlos Linhares - psiquiatra". E diz: "Se um dia o amigo precisar".
"Vai se catar Lanhaço. Metido a besta", penso mas não digo e vejo o cara imponente indo em direção para um carrão com motorista e tudo.
"Esse cara tá devendo e um dia cai na Operação Lava Jato".
Por enquanto, caminho para a primeira delegacia para confessar como foi a bomba de São João na escola. Claro, o autor intelectual foi o Lanhaço. "Sou muito burro pra cometer algum crime".
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