quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Rato que rói

Como uma criança abandonada
choro na minha solidão

sem uma voz a meu lado
caminho por um deserto
ou náufrago perdido no mar

Me acompanha o silêncio
e o bater do coração

Falo comigo mesmo
mas não sou a resposta
nem diálogo

Então me calo e
ouço o ruído de meus ouvidos
e o sono da minha mente

Não sou doença e nem saúde
sou apenas um pingo de chuva
caindo no oceano

Não sei qual o ano
e não me lembro da hora

Como uma criança abandonada
comendo um pedaço de pão
dividindo tudo que tenho
com o rato que me rói
no peito

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Lacerda e as rosas

JK era o preferido para 65. O Lacerda (GB - Guanabara), Ademar (SP) e Magalhães Pinto, o banqueiro do Nacional (MG) foram os governadores que deram apoio ao golpe, acreditando que com o afastamento dos candidatos de esquerda um deles chegariam ao Planalto (Lacerda o mais cotado). Quando os militares entraram, tomaram o gostinho, e cancelaram as eleições de 65. O Lacerda fez um discurso antológico nas rádios, entre outras coisas chamou o Castelo Branco - o general-presidente - de "anJinho da Rua Conde Lage". Inocente fui perguntar ao meu pai o significado disso. "Pô Mauro - se liga - é a rua da zona... O Lacerda tá dizendo que o Castelo tem cara de nenem abortado pelas prostitutas..." Então acabou sobrando pro Lacerda - que passou a ser um grande cultivador de flores...

Lacerda inclusive lançou um de seus últimos livros com o título: Uma rosa - é uma rosa - é uma rosa


São Paulo em chamas

São Paulo pega fogo, com ônibus e caminhões incendiados; estradas paralisadas e "os automóveis ardem em chamas na avenida", como na canção popular. Mas, enquanto isso, as autoridades estão em ritmo de "vendo a banda passar".

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Um verdadeiro servidor público

No dia 24 de outubro, por volta das 11 horas, o motorista do veículo RJ 135026, da Viação Garcia, proveniente do Rio com destino ao bairro de Santa Rosa, em Niterói, parou o ônibus no ponto para auxiliar um passageiro cego a atravessar a Rua São João, causando admiração a todos. Eis aí, um verdadeiro servidor público.

Nunca vi lágrimas dar marcha-à-ré



É cada vez maior o número de pessoas que se habituam a agredir, gratuitamente, a todo mundo: amigos, familiares, cachorros e gatos. Depois aparecem falando do estresse da vida e pedem a costumeira desculpa, achando que o próximo está sempre pronto para perdoar. No entanto,

NUNCA VI LÁGRIMAS DAR MARCHA-À-RÉ

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Bobo pra tudo

É impressionante como cresce o número de cabos eleitorais que trabalham gratuitamente, fazendo apologia de gente que não engana mais ninguém. Como dizia o cumpádi de meu pai, o compositor Manoel Brigadeiro, em seu Bobo pra tudo: "Camelô na conversa ele vende algodão por veludo; todo mal do sabido é pensar que não é enganado; ou tem alguém que é bobo de alguém apesar do estudo". Tudo isso porque nesse mundo tem bobo pra tudo.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Primeiras professoras

HORA DA CHAMADA - Alba da Silva Moraes, Olga A. A. Ferreira e Marlene de Abreu Samico.
Minhas primeiras professoras na Escola 3-9 Pareto, no Rocha. Meu eterno muito obrigado.

sábado, 12 de outubro de 2013

Carrossel holandês

LARANJA NÃO É FRUTA
LARANJA É COR

                        LARANJA NÃO É COR
                        LARANJA É FRUTA

FRUTA É DOCE
COR DE FRUTA

                        SUMO DE LARANJA
                        SUMO DA VIDA

LARANJA LARANJA
COR E FRUTA
E O CARROSSEL HOLANDÊS

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

VIADUTO

 Parafraseando Aldir Blanc: "Sumia a tarde como um viaduto..."

Manifestação e a Perimetral

O gás lacrimogêneo me entra nas narinas
me ardem os olhos; me ferem a alma

Em frente ao televisor o meu temor
de que um monstro tome conta da tela

Mas, então, lavo o meu rosto
e espero pela Queda da Bastilha
ou alguma mudança real

Só então descubro
que roubaram um pedaço
da Perimetral

domingo, 6 de outubro de 2013

Tempo perdido

Acontece que respiro pela boca
Entra ar, mas não consigo retê-lo
Entra e em menos de um segundo
cai fora

                      Puxo o ar e sinto que entra
                      pela boca e escorre pela garganta
                      e me incha o peito e
                      mal e porcamente me chega
                      aos pulmões

      E em menos de um segundo
      vai embora

                                    O que está acontecendo?
                                  
Tenho esse defeito desde
que nasci e cheguei ao
mundo aos berros

                                    Mesmo quando durmo - bebo - como - amo ou choro
                                    Engulo o ar mas não o retenho
                                    Falta algo que não consigo
                                    guardar no peito

                                                                  2

Eis o que tenho
bronquite - rinite - sinusite
Mas mesmo assim
continuo sendo um eterno
caçador de ar

                                     E não entendo
                                     quando te beijo
                                     e é quando não me falta
                                     ar

Você me socorre
e me enche os alvéolos
me refrigerando a alma
você tranquiliza

                                     É como em criança
                                     mamãe me dava
                                     benadryl

com codeína

               
                             Por isso, agora
                             Vem!

                              me beija nos olhos
                              e faça eu dormir
                              como em busca de
                              um tempo perdido

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Soldado desconhecido

Não sou gramado
e não sou o outeiro
de glória alguma

             Não sou eu
              nem ninguém

Sou o soldado
desconhecido
perdido
           no Aterro

Sem peixe na Rede

O mar eleitoral não está pra peixe. A Rede de Marina Silva mesmo assim luta para
se transformar no 33º partido político brasileiro. Não é por falta de opções que o
eleitor deixará de escolher os melhores (ou não?)

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O dia que fugi de casa

Quando setembro vier
eu vou dar no pé
eu vou até a Sé
e depois vou a Santos
pra ver o Pelé

Quando setembro vier
eu vou fugir de casa
e não vou mais voltar

Quando setembro vier
- depois de receber a mesada -
vou tomar um picolé com ela
e vou dar no pé

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Invisível

Nada contra os elefantes
Mas às vezes eles são
muito pesados pra quem
tem pressa...

      Hoje eu caminho
       como uma formiga
      para que ninguém
      me veja...