terça-feira, 28 de setembro de 2010

A bolsa da Presidenta

   Caminhava tranquilo pela rua, em direção ao banco. De repente, avistou aquela velha senhora com andar vacilante, mas, mantendo-se erguida e com o antigo olhar altivante.
Acelerou o passo e abriu os braços, como se fosse abraçá-la.
_ Querida mestra, há quanto tempo. Tudo bem com a senhora? – falou com satisfação.
_ Tudo bem uma ova. Como estar tudo bem, com esse salário de fome que ganho. Toda uma vida dedicada à educação e não ganho nem dois mil reais por mês. É dessa maneira que tratam os professores. Não tenho nem onde cair morta...
Meio sem graça, com o olhar dos passantes e a reprimenda em público, tentou amenizar:
_ Pelo menos, vejo que a senhora está bem disposta, forte e com saúde. Saúde é o principal...
_ Que saúde coisa nenhuma. Estou cheia de doenças. O dinheiro vai quase todo em remédios. Há meses que deixo de tomar dois ou três para poder comprar o outro mais caro. O tratamento dentário está parado há dois meses... E vem você me falar de saúde.
Sentia-se com um filho ou parente ingrato da velha professora e todos em volta olhavam para ele, com um certo desprezo.
Não teve saída. Precisava falar alguma coisa. Algo que devolvesse a esperança a sua velha professora e ao mesmo tempo impedisse de ser linchado pela multidão que parou para assistir a conversa. Não titubeou.
_ Não perca a esperança professora. Estou sabendo que a Presidenta vai criar o Bolsa Funeral.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A garota da Van

A garota na van – pelo celular – reclama do namorado ter dito que

estava fazendo a barba e não podia conversar, mas que ligaria mais tarde.

A pobre ficou esperando, mas descobriu que o Príncipe, de verdade,
estava assistindo jogo pela televisão com amigos e tomando cerveja.

Encerrou a conversa, com um simples: “Pra que tanta mentira. Por que v. não disse que estava com os amigos, tomando cerveja, assistindo seu time tomar de quatro. Eu teria te dito que
estava indo pro motel com o Leonardo” – e bateu o telefone.

Os passageiros da van aplaudiram em silêncio...

PS: Goiás 4 Botafogo 1. Acho que o Príncipe tomou bola nas costas...

Faz de conta que eu não vim

Faz de conta que não sou eu. 
Faz de conta que não escrevi.
 Faz de conta que não li. 
Faz de conta que já te esqueci. 
Faz de conta que saí.
 Faz de conta que fui logo alí.
 Faz de conta que fui comprar cigarros.
 Faz de conta que morri... 


(Poesia pra sentir saudades)

(Inspirado em José Serra em barraco com Marcia Peltier)

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Respondendo a mim mesmo (Para Renata)

CONTRA O MUNDO INTEIRO

Eu podia escrever
difícil
pra impressionar
as meninas do
bar do rio

Eu podia pescar
fácil
pra cheirar
a cola
do meio fio.

Eu podia tá
roubando milho
e matando tempo

Mas eu estou
apenas sendo
eu mesmo

e eu sozinho
contra o mundo inteiro

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Criatividade

               Cria criança
                tua crianção

Cria dança
balança teu
bundão                           Cria mentiras
                                      e verde ades

                   Cria ativa mente
                   a nobre poesia
                              do teu cuzão
                                e ninguém copia                

                                              

domingo, 5 de setembro de 2010

Cena familiar de cadeirinha

Agora tô seguro
na cadeirinha
do carro.


Papai tomou acento
mamãe tomou juízo.


Vovó tomou maracujá
e vovô no meio de tantas leis
tomou um gole
em frente do volante
e mandou o governo
tomar
(foi o que mamãe disse)
conta da gente

sábado, 4 de setembro de 2010

Corrente pra frente

A moça do IBGE bate lá em casa. Por via das dúvidas abro as janelas e portas, tendo em vista a mentalidade provinciana da vizinhança. Faz meia dúzia de perguntas absurdas, como saber se o prédio conta com rede de esgotos (como respondo que não sei – ela mesmo afirma que todos os demais moradores disseram que sim e a própria síndica confirmou), se o apartamento é próprio, quantos são os moradores (os gatos não contam – afinal de contas quem lá quer saber de gatos e cachorros, embora as despesas pesem muito no orçamento doméstico) e mais algumas outras questões de pouca relevância. Fica espantado quando me declaro negro (embora de verdade seja tão branco ou mais que o Ronaldo Fenômeno). Só falta perguntar se eu tenho certeza sobre minha cor, se não desejo mudar a declaração, etc e tal. Depois afirma que um outro morador será escolhido para um preenchimento mais detalhado abordando diversos assuntos. Fico pensando se as pesquisas eleitorais também são feitas dessa maneira. Se alguém no meu prédio for eleitor do candidato X todo o prédio tenderá para a direita ou para esquerda ou para o centro ou na verdade somos todos uma manada pensando da mesma forma, influenciados pela rede de esgoto que o Poder Público construiu no bairro ou pela Operação Asfalto Liso (Meu primo em Portugal pensou que era piada. Ele não sabia que até então sofríamos com o Asfalto Buraco).
No momento, pareço ser o único vagabundo de plantão no prédio. A moça do IBGE afirma que muitos apartamentos encontram-se fechados e por isso, terá de fazer plantão aos sábados para completar a pesquisa. Quase que sugiro para que não perca tempo. Todos dirão que temos esgotos e aqui até os pardos-negros se declaram brancos-brancos.
Quando vou trabalhar encontro sempre a moça do IBGE de plantão na portaria do prédio, exercendo a difícil arte de contar o número de brasileiros.
“De repente, parece que todo o Brasil deu a mão”.
São apenas aparências, cada vez é cada um por si e Deus por ninguém.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Inglez de Paiva e Deus

Quando tenho oportunidade de conversar com Inglez de Paiva (meu antepassado). Desculpem é só até aonde consigo chegar, nessa época em que cresce o número de pessoas dizendo que conversam diretamente com Deus...
Pergunto ao Inglez, o que todo mundo tem enorme curiosidade: "Deus existe?"

Inglez diz que isso é o tipo de assunto sem sentido no mundo onde está. Só os homens se preocupam com esse tipo de coisa. Veja os animais no pouco de selva que nos resta. Eles simplesmente estão preocupados em viver, em sobreviver. Não perdem tempo com filosofias vãs.

E diz mais o Inglez de Paiva. Muitas pessoas que acreditam em Deus, verdadeiramente estão anos luzes de distância dele, enquanto outros descrentes, podem estar mais perto do que pensam.

Tento puxar mais por ele, e então me diz: "Vai direto no Filho: no Sermão do Monte. O que interessa está tudo lá... O restante é conversa de igrejinhas e falsos pastores de ovelhas sem cabeça."

"Nem todo aquele que vive invocando o nome de Deus verá sua face, e sim aquele que realiza a vontade do Pai que está no céu. muitos me dirão no dia final : Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizamos, discursamos, expulsamos demônios e fizemos coisas miraculosas? Então eu lhes direi : nunca vos conheci. Afastai-vos de mim, vós que praticastes a injustiça."


Nos dias atuais, o Segundo Mandamento é um dos mais importantes. "Não tomar seu Santo nome em vão"

Recado do Repórter


O Segundo Mandamento

O físico inglês Stephen Hawking afirmou que as leis da natureza não deixam espaço para a existência de Deus no Universo. A mídia repercutiu a declaração do influente cientista. Mas, nesse hora é preciso levar em conta as declarações de Einstein, em 1921.

“A opinião comum de que sou ateu repousa sobre grave erro. Quem a pretende deduzir de minhas teorias científicas não as entendeu.

Creio em um Deus pessoal e posso dizer que, nunca, em minha vida, cedi a uma ideologia atéia.

Não há oposição entre a ciência e a religião. Apenas há cientistas atrasados, que professam idéias que datam de 1880.

Aos dezoito anos, eu já considerava as teorias sobre o evolucionismo mecanicista e casualista como irremediavelmente antiquadas. No interior do átomo não reinam a harmonia e a regularidade que estes cientistas costumam pressupor. Nele se depreendem apenas leis prováveis, formuladas na base de estatísticas reformáveis. Ora, essa indeterminação, no plano da matéria, abre lugar à intervenção de uma causa, que produza o equilíbrio e a harmonia dessas reações dessemelhantes e contraditórias da matéria.

Há, porém, várias maneiras de se representar Deus.

Alguns o representam como o Deus mecânico, que intervém no mundo para modificar as leis da natureza e o curso dos acontecimentos. Querem pô-lo a seu serviço, por meio de fórmulas mágicas. é o Deus de certos primitivos, antigos ou modernos.

Outros o representam como o Deus jurídico, legislador e agente policial da moralidade, que impõe o medo e estabelece distâncias.

Outros, enfim, como o Deus interior, que dirige por dentro todas as coisas e que se revela aos homens no mais íntimo da consciência.”

* * * * *

“A mais bela e profunda emoção que se pode experimentar é a sensação do místico. Este é o semeador da verdadeira ciência. Aquele a quem seja estranha tal sensação, aquele que não mais possa devanear e ser empolgado pelo encantamento, não passa, em verdade, de um morto.

Saber que realmente existe aquilo que é impenetrável a nós, e que se manifesta como a mais alta das sabedorias e a mais radiosa das belezas, que as nossas faculdades embotadas só podem entender em suas formas mais primitivas, esse conhecimento, esse sentimento está no centro mesmo da verdadeira religiosidade.

A experiência cósmica religiosa é a mais forte e a mais nobre fonte de pesquisa científica.

Minha religião consiste em humilde admiração do espírito superior e ilimitado que se revela nos menores detalhes que podemos perceber em nossos espíritos frágeis e incertos. Essa convicção, profundamente emocional na presença de um poder racionalmente superior, que se revela no incompreensível universo, é a idéias que faço de Deus.”

ALBERT EINSTEIN (1879-1955)

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Rede insociais


Amigo - Parabéns!!! Te vi no Facebook e no Orkut. O que está achando dessa nova experiência nas redes sociais?
Resposta - Para dizer a verdade tanto o orkut como o facebook tem sido até o momento uma fábrica de bobeiras... Acho que deve ser por causa da minha faixa de idade... Tem muita garotada escrevendo coisa sem nexo... Acho que o espaço poderia ser melhor aproveitado. Há muita abobrinha circulando no pedaço...
Eu entrei fazendo o jogo do pessoal - fazendo umas palhaçadas - dando umas cambalhotas - e pronto.
Infelizmente, notei que muitas pessoas - apesar do passar dos anos - muitas casadas e com vida familiar diferente do período de faculdade e colégio, poderiam ter uma visão de mundo diferente, mas ao contrário disso parecem adolescentes infantilóides...
Amigo - É verdade! Concordo. É uma pena... Poderia ser um instrumento muito bom para conversar e intensificar conhecimentos profissionais.